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domingo, 23 de maio de 2010

- Saudade -

Saudade que me toma agora
E na calada da noite fria e livre
Me entorpece, me aquece
Me cala...
Saudade que me deixa assim, chuvosa
saudade que me deixa ausente
Que me deixa sem rumo.
Que na penúria da noite livre, escura
Me fala, me diz
Sucumbe-me em facetas talvez nunca antes imaginadas.
Em desejos nunca antes provados.
Que me deixa assim, sem rumo!
Saudade do canto da pedras,
Como uma vida que se encerra.
Saudade de uma carambola mordida,
De fadas e anjos dos contos,
de uma vida sem muitos encantos...
Saudade do "não ter" que pode ser a maior
saudade do ser...

Do ser que se fez Humano...

[Isadora Fernandes de Oliveira - 09/04/2010]

- S de Solidão -

No frio meu corpo se encolhe.
Se esconde nos sótons da vida!
A solidão, inevitável como sempre,
Me risca de giz branco,
No quadro negro chamado EU,
Versus confusos embaralhado a pensamentos doidos.
A dor que me invade a alma
Corrompe meus pés e me fogem do caminho.
Me roubam sutilmente como o vento que toca o rosto.
A maldita calma dos besouros
Acelera meu coração de ódio
E as lágrimas da face recem brotadas
Caricaturizam flores do mal...
Flores do mal que me move em sentido anti-horário
E me beijam ao som de um Blues...

[Isadora Fernandes de Oliveira - 17/05/2010]

- Identidade -

Ensozinhei-me, certa vez, e descobri coisas loucas.
Uma forma de pensar desconexa.
Cores, luzes, paixão e ópio

Do cânhomo queimado em minha garganta
Olhos vermelhos, fumaça branca
E minha face grotesca de sempre
me perseguindo em superfícies espelhadas.

Sutil maresia na quietude do amanhecer.

Meu rosto velho de hábitos comuns...
um corpo estranho de facetas banais.
Como a gordura enpregnada da pia.
De corredores que não correm
De jardins sem flores, só feiúra...

O que sou eu em meio ao mundo?
Mais um rosto entre tantos...
RG, CPF, Habilitação...Papel?
E me identifico como ser imoral.
Um monstro quem sabe.

Quero mudar mas tenho medo de perder
minha identidade
Lágrimas, sangue, suor
Do ser pensante que sou (e não sou)
Do ser que se fez Humano em meio ao Horror!

Minha face de sempre: (?)
Olhos redondos e negros como jabuticaba,
Sorrizo estranhamente bonito.
Cabelos cacheados e castanhos.
Pernas finas, seios fartos...
Corpo de mulher em alma de poeta.

[Isadora Fernandes de Oliveira - 03/05/2010]

- Magia do Ver Inaugural -

O ver que se fez inaugural
Que cura, que vicia, que fascina.
O ver que se é(!) na coisa VIDA.

Vida que se recria musicando musas de cera
e copilando deuses de pedra.

Magia em forma escrita...
de poemas sujos e pobres
de poetas de banco de ônibus
...Malandros picarescos...

Poemas que são vidas
Não porque nascem e morrem como o homem
Mas porque são, em plenitude,
materialização de um ser-coisa
De um afeto que simplismente é(!) e ponto.

De uma ação que se tornou verbo
Sendo verbo o único morfe
Possível se ser como ao SER!

Magia em acordes peifeitamente aleatórios
Como o canto no ouvido das pedras
de um admirável Jimmy Charles

Magia como idéias sizudas brotam em meu ser
De poros escorrendo suor
Suor como minha arte e só!

Da coisa natural do ser
Que não simboliza/significa nada
Apenas EXISTE!

[Isadora Fernandes de Oliveira - 27/04/2010]

sábado, 22 de maio de 2010

- Um Galopar -

Eu, de memória errante
Me criei um cavaleiro andante
para que podesse, ao lado seu,
Encartar-me com os roxinois
do verão e navegar pelos
Mares ambíguos do Amor.

Eu, de memória errante que já falei,
Cintilei meu corpo por entre
as flores e núvens
Pensando um dia tornar-me rei
desta terra intocada.

Mas, Minha memória errante como a aurora
Calou-se de amor
Vestiu-se de torpor ao ouvir:
"_ te amo como a um amigo!..."

E sem que podesse terminar a frase
Muni-me de meu berrante
E prometi nunca voltar,
Não mais me humilhar,
E sem jamais exitar
Banir do dicionário o verbo Amar.

Por isso, Eu, um cavaleiro andante
Cuja memória se fez errante,
Busco no galopar
Um por do sol para enamorar
Sem entender, contudo,
Que só precisava de um sol nascente
Para a menina-flor
Brotar em minha vida de novo
Esse verbo que não ouso mais citar.

[Isadora Fernandes de Oliveira - 02/2010]
"Meu Dom Quixote!"

- Retalhos 3 -

Na noite fria e escura
Não posso mais vê-lo...
O coração se aperta
E a tal dor no canto dos olhos se faz presente.
Corpo mole, pensamentos distantes,
Saliva que não desce.
E minha cabeça ébria de poeta
Me surta com frases não ditas
Gritadas dos poros
Do torpor de uma facada
O martírio das mãos dadas
Me fazendo estátua de Mármore:
'O pensador' das horas vagas.

Caminhando na penúria da madrugada
Meu corpo não parece mais meu
Quando corre, em qualquer esquina,
Buscando o gozo da solidão de poeta
O limite do silêncio como poesia que grita
E escandaliza-se com o 'Teatro do Absurdo'

[Isadora Fernandes de Oliveira - 09/05/2010]

- Retalhos 2 -

Num tom alaranjado
O silêncio me recria como lágrimas nos olhos.
Um olhar de criança,
Um sorrizo devasso num tom alaranjado
Me fitando por vielas semi-escuras.
Óculos engraçado
Rosto molhado de suor
Lábios sozinhos no entardecer.

[Isadora Fernandes de Oliveira - 07/05/2010]

- Retalhos 1 -

Frases me fogem à mente
Como gotas de orvalho no amanhecer do dia.
Corações e toques...
Vidas desformes...
Olhos amendoados
Que criam dor no canto dos olhos...
Mentes pensando em campos descobertos...
Enfim, uma embriaguez poética
Me risca, em folhas de papel puto,
Versos de amor

[Isadora Fernandes de Oliveira - 05/05/2010]

- Silêncio -

No início era silêncio e víceras
Hoje, agora, um barulho ensurdecedor de autora
Dialoga com meu corpo
Numa sintonia absurda, absorta...

Vozes por corredores enlivrecidos
Debruçam-se diante de meu silêncio aparente
...Minha quietude como virtude mais bela.

Tenho medo desse som...
Das pessoas a minha volta.
Medo de não mais possuir o silêncio magnânimo das bibliotecas de uma escola.

Porque o mundo grita de fome.
Grita de vida...

...E eu, não consigo decodificar os símbolos desse falar.
...Não me sinto preparada para ouvir!

[Isadora Fernandes de Oliveira - 28/04/2010]

- Olhos de Linhaça -

Com meus olhos de linhaça
Percorro esses corredores enlivrecidos
Buscando por algo que ainda não sei.

Saber o que procuro não me traz gozo algum.
Por isso vago calmo, observando estantes empoeiradas e livros mágicos amontoados.
E me calo à partícula prazerosa do silêncio
Que me invade o olhar tão miragemente só!

Esse silêncio me grita, me encanta, me move...
Mover-se, morder-se, morte.

Haveria alguma possibilidade destas palavras,
Jogadas num papel com grafite,
Possuir alguma utilidade...Ou importância?

Criar o novo é como ver as coisas com olhos de criança.
Sem conceito, sem hábito, sem rotina...
Sem o valor e seus cifrões.

Quero ver o não visto,
Desaprender das coisas úteis,
Ver o desforme
E criar minha ARTE
Vista com olhos de linhaça
Por entre bibliotecas empoeiradas.

[Isadora Fernandes de Oliveira - 15/04/2010]