Certa vez escrevi
que acabara de olhar um laço de fita
e ver nuvens de aquarela.
Leitura, paixão, poesia...
E a linguagem em mim retida
na saliva, nos lábios
Escorriam-me do ser
Tal qual uma 'canção do exílio'
e percebi um mundo
Contínuo que gira
em manifestação do Real
cuja linguagem minha de sofista recém formado
mundifica peixes, árvores...
e por hora sou deus desse universo de enigmas
que faço questão de simbolizar
com meus conceitos de pau-braZil.
Ah! meu ser de carências!
Que me fez assim,
com vaidade e amor próprio
...Mentiroso ilusório das noites quentes
das mulatas de braços fortes
ventre magro...do simples escarro.
E fiz cadeiras, mesas e livros
para coisificar meu habitat
e esquecer de desocultar o oculto
[para tornar a ocultá-lo no estalar dos corpos.
Ensozinhando-me vi, então,
que o pensar Homo-sapiens
que pensava ter
é feito das relações idiotas dos homens sem pátria.
E me perdendo nos mares da vida
Me vi especialista em criar jargões inúteis
para me inteirar nessa multidão
de girinos e escorpiões.
E o criar do poeta EU
Quimera das minhas entranhas
virou poesia
'política, raquítica, sifilítica
como os lirismos bêbados' de Bandeira.
Poesia esta que obrada...
...Cagada no papel com grafite
Desperta-me em lâmpadas de rouxinois
para então me ser,
marionete do Real
que se diz, linguisticamente,
nomeando o real-sensível
e os olhos de planície...
E o mundo grande do beijo nas janelas sobre o mar de Drummond.
Modernista, futurista
e nada mais pra meus dedos tocar...
Como a consonância da quietude
[do falar meu, não meu, de poeta.
Inspira,respira um
Olho que não vê mais o Doce amorfo de minha essência
...energia criada nas
Horas sombrias de Lucidez.
[Isadora Fernandes - 20/06/2010]
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